#3 Crônicas de isolamento
Transmutar em tempos estáticos
Transmutar é um processo mais doído que bonito. E o romantismo de enxergar beleza na dor deixo para os românticos mesmo. Estar desconfortável dentro do próprio corpo é uma experiência sem nome compatível. Volta e meia visto cascas possíveis, mas enjoo. Não vejo graça na permanência, apesar de apreciar sua calmaria plena. Ser tempestade no meio da tarde morna dos afetos não é confortável, e é esteticamente estúpido só testar sem raspar a roupagem da vigência banal.
Compor o traje da alma é bem mais complexo do que encaixar uma forma numa veste palpável. Não acho graça do abandono, mas tenho uma tendência a sorrir de mim mesma e das coisas que já fui. Talvez porque duramente tenha aprendido, lentamente, que infligir-se de mágoas detém as melhores partes que a gente tem.
Carrego o que posso e sigo em frente sem desdém.
Raspo, pinto, bordo, risco e rasgo… sem imaginar outro dia que não aquele em que encontre paz.