capacidade mutante

#3 Crônicas de isolamento

Transmutar em tempos estáticos

Gabriela Wenzel
1 min readDec 9, 2020

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Transmutar é um processo mais doído que bonito. E o romantismo de enxergar beleza na dor deixo para os românticos mesmo. Estar desconfortável dentro do próprio corpo é uma experiência sem nome compatível. Volta e meia visto cascas possíveis, mas enjoo. Não vejo graça na permanência, apesar de apreciar sua calmaria plena. Ser tempestade no meio da tarde morna dos afetos não é confortável, e é esteticamente estúpido só testar sem raspar a roupagem da vigência banal.

Compor o traje da alma é bem mais complexo do que encaixar uma forma numa veste palpável. Não acho graça do abandono, mas tenho uma tendência a sorrir de mim mesma e das coisas que já fui. Talvez porque duramente tenha aprendido, lentamente, que infligir-se de mágoas detém as melhores partes que a gente tem.

Carrego o que posso e sigo em frente sem desdém.

Raspo, pinto, bordo, risco e rasgo… sem imaginar outro dia que não aquele em que encontre paz.

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